Decorrem trâmites legais para a acusação e julgamento de um líder comunitário local, Inácio Leza, pelo desvio de 100 000.00 mts (cem mil meticais), que se destinava ao Comité de Gestão de Recursos Naturais de Macoco, especificamente às famílias, vítimas do ciclone Gombe, na localidade de Kumbalansai, distrito de Marínguè, província de Sofala.
Segundo a rainha do povoado de Macoco, Lista Brissimo Chave, o caso foi despoletado em Março do ano passado, quando a empresa de exploração florestal SOFLORA cumprindo com a sua responsabilidade social desembolsou 100 mil meticais, para mitigar o sofrimento de algumas famílias, que viram suas casas desabarem devido aos efeitos do ciclone Gombe que fustigou a região centro. “O valor destinava-se à compra de material de construção para a reconstrução de algumas residências que desabaram. Infelizmente, o sapanda Inácio desviou o valor da comunidade”, desabafou a rainha Lista para depois acrescentou que, alguns líderes comunitários queriam que rainha recebesse o valor, mas o Sapanda movido pela ganância quis receber o valor no seu Mpesa, alegando que faria uma gestão transparente do valor e pelo bem da comunidade.
Por sua vez, Jordão António Sengo, secretário do Comité de Gestão de Recursos Naturais de Macoco, explicou que, porque a comunidade está agastada e conhece os seus direitos, encaminhou o caso ao Tribunal Distrital para reaver o seu dinheiro. “Informamos as autoridades que o sapanda Inácio Leza desviou o dinheiro que era para ajudar membros da comunidade que sofreram com o ciclone Gombe e o caso corre com os seus trâmites legais”, referiu Sengo.
O director do Serviço Distrital de Actividades Económicas de Marínguè (SDAE), Tomás Quembo, disse que o Governo tem conhecimento do caso e está a preparar o processo até ao Tribunal, visando ressarcir os lesados. Entretanto, o agente da Procuradoria Distrital de Marínguè, Jone Simão, assegurou que a instituição já recebeu o caso de desvio de 100 mil meticais com o conhecimento do SDAE do distrito, CGRN de Macoco e da comunidade, contudo, considerou ser prematuro para avançar mais detalhes.
O Serviço Distrital de Actividades Económicas de Marínguè indicou que, apesar deste recente caso de desvio de 100 mil meticais ao CGRN de Macoco, os crimes ambientais têm vindo a reduzir graças a monitoria de organizações não-governamentais como a Livaningo.
A coordenadora de projectos da Livaningo, Olinda Cuna, entende que o encaminhamento deste caso às instituições da justiça, é um passo significativo rumo à mudança da mentalidade das comunidades e justiça social. “É positivo quando há engajamento e preocupação das autoridades governamentais e instituições judiciárias em julgar casos de violação dos direitos das comunidades pelas elites locais”, referiu.