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Glória Mucavele: Do fumo à esperança, uma líder idosa

Há sete meses, o dia da Glória Mucavele, 64 anos de idade, começava antes do amanhecer. O ritual era sempre o mesmo: acender o fogão a carvão, lutar contra a fumaça espessa que invadia a sua casa de três divisões e arder, mas também gastava o pouco dinheiro que tinha para sustentar os seus 5 filhos e netos. “O carvão era um buraco sem fundo no meu bolso”, recorda. “O que gastava em duas semanas agora dura-me mais de um mês. A diferença é noite e dia.”

A mudança chegou através do projecto de Empoderamento das Comunidades (EC), implementado pela Livaningo no bairro da Matola A, zona do Lingamo, Município da Matola, Província de Maputo. Glória foi uma das primeiras a receber um “fogão melhorado”, uma tecnologia simples mas revolucionária que consome menos de metade do carvão e reduz drasticamente a fumaça tóxica.

“Da Incerteza à Conquista ao caminho de Esperança de Senhora Lúcia Singa”

Senhora Lúcia Singa de 59 anos, residente no bairro Inguane, no Distrito Municipal de Kanyaka, é um exemplo inspirador de superação e transformação através do espírito de poupança e solidariedade comunitária.


Durante 30 anos, viveu com o seu marido, mas após a separação, a sua vida sofreu uma reviravolta. Sem casa própria e com a responsabilidade de cuidar sozinha das
suas duas netas, enfrentava diariamente grandes dificuldades. Com o pouco que ganhava, apenas conseguia fazer o rancho mensal e assegurar o pagamento da escola das meninas. A situação era dura e as perspetivas de mudança pareciam distantes.


Em 2022, surgiu uma oportonidade que viria a mudar a sua vida: aderiu ao grupo de Poupança e Crédito Rotativo (PCR) Paz de Noge, inserido no projecto Kuvikela implementado pela Livaningo e Parceiros com apoio da Blue Action Fund. Esta iniciativa tem como objectivo contribuir para a conservação das zonas costeiras marinhas, promovendo simultaneamente o bem-estar das comunidades locais por meio de fortalecimento da resiliência económica.

Macharico: Resiliência e Empreendedorismo em Meio à Adversidade

Macharico, um jovem de apenas 25 anos, é um exemplo inspirador de resiliência e determinação. Natural de Mocímboa da Praia, Cabo- Delgado, ele enfrentou desafios imensos ao ser deslocado pela guerra em 2017. Sua jornada o levou ao distrito de Metuge, onde hoje vive na localidade de Messanja, na comunidade de Ntessa. Apesar das adversidades, Macharico jamais permitiu que as dificuldades ditassem seu futuro. Com o apoio do projecto Empoderamento Económico e Inclusão de Grupos Vulneráveis – EEICA, financiado pela União Europeia, sua vida tomou um novo rumo.

Inicialmente, Macharico recebeu nove peças de capulanas e 16 bacias, suas primeiras ferramentas para ingressar no mundo dos negócios. Com esses recursos simples, começou a vender produtos locais, conquistando clientes na comunidade. Logo, percebeu que o mercado oferecia novas oportunidades de crescimento.

Projecto EEICA transforma vida de mulheres em Metuge

Anatércia Agir, uma mulher de 38 anos e mãe de três filhos, residente da comunidade de Manono, distrito de Metuge, província de Cabo Delgado, representa uma das trajetórias mais inspiradoras do projecto Empoderamento Económico e Inclusão de Grupos Vulneráveis – EEICA, financiado pela União Europeia. Antes da sua inclusão no projecto, vivia com uma renda mensal bastante limitada, cerca de 1.700 meticais, o que dificultava o sustento da família e a realização de qualquer investimento produtivo.

Em 2024, Anatércia foi selecionada para receber um fardo de roupas usadas, no âmbito do apoio à criação de meios de vida sustentáveis. Sem condições próprias para montar um ponto de venda formal, ela tomou a iniciativa de pedir a um vizinho um pequeno espaço à beira da estrada, onde passou a expor as roupas de forma estratégica, aproveitando o fluxo de pessoas e veículos para atrair a clientela.

Com o apoio dos seus três filhos, que ajudam na organização e nas vendas, Anatércia transformou o espaço simples em um pequeno ponto de comércio activo. Hoje, ela atende uma média de 70 clientes por mês e alcançou uma nova renda mensal de cerca de 4.500 meticais, o que representa um aumento de mais de 160% em relação à sua condição inicial.

Leocádia Cumbane, 29 anos de idade, residente no quarteirão 20, mãe solteira de dois filhos, e residente no povoado de Gumbane, conta na primeira pessoa, as vantagens do uso fogão melhorado

Os potenciais impactos da mudança do clima são significativos para a agricultura familiar em Moçambique, configurando-de em perda de culturas, aumento de pragas. O governo moçambicano reitera que a prioridade nacional é a adaptação e redução de riscos climáticos e assume o compromisso de promover um desenvolvimento integrado e resilientes às mudanças climáticas e reduzir a vulnerabilidade das pessoas e comunidades.

O distrito de Boane, com cerca de 134 mil habitantes, localizado na província de Maputo, tem grande potencial agrícola, sendo esta actividade a base da economia local. De um modo geral, a agricultura do distrito é de sequeiro e dependente da queda da chuva. Boane tem sofrido as consequências das mudanças climáticas em forma de cheias, inundações e secas. A comunidade de Gumbane tem sofrido com calor intenso, seca e baixa precipitação, que tem como resultado a baixa produtividade agrícola e depende completamente da floresta para obter lenha para o uso doméstico, apesar desta prática ser considerada como uma das que mais contribui para a destruição da floresta, contaminação do ar no interior das habitações e doenças respiratórias.

“Desde que comecei a usar o poupa lenha, sinto-me muito feliz porque o fogão ajuda a economizar lenha”, diz Artimiza

Artimiza Mugabe, 50 anos, vive no bairro 2 da localidade de Maivene, distrito de Chibuto. Tem 3 filhos e está satisfeita por usar o fogão melhorado, vulgo poupa lenha.

“Desde que comecei a usar o poupa lenha, sinto-me muito feliz porque o fogão ajuda a economizar lenha, não emite fumo,” diz Artimiza Mugabe, de 50 anos de idade, residente na comunidade de Maivene, distrito de Chibuto, em Gaza. Mas nem sempre foi assim.

Artimiza contou que antes de ter o fogão melhorado, vulgo poupa lenha, para confecionar alimentos usava lenha combinada com carvão, baseada no modelo tradicional (tripé), feito de varões de ferro. Salientou que, a lenha extraia na machamba que dista cerca de 3 quilômetros do local onde reside e esse exercício era feito 3 a 4 vezes por semana.

O tripé devido as suas características, que tem a ver a abertura dos três pontos da entrada, não permite a concentração do calor, isso faz com que os usuários gastem numerosas quantidades de lenha. Este é o caso da Artimiza, que disse que para cozinhar arroz e caril gastava cerca de 17 paus de lenha com diâmetro de cinco centímetros.  

 

Livaningo capacita comunidades na prevenção de desastres naturais e redução de desmatamento em Angoche

O Comité Local de Gestão de Riscos e Desastres (CLGRD) é composto por 36 membros camponeses, naturais de Angoche, província de Nampula, residentes, no posto administrativo de Namaponda, localidade de Mepapata A e B. Fazem parte do comité desde em 2018. Como grupo tinham alguns conhecimentos para a prevenção de desastres naturais, mas foi há menos de um ano, que receberam pela primeira vez, um kit de prontidão completo, no âmbito do projecto Promoção de Resiliência Climática e Igualdade do Gênero (RECIG), implementado pela Livaningo em Angoche.


Visando a promoção da resiliência climática, a Livaningo treinou as comunidades através de simulação contra desastres e ofereceu ao CLGRD de Mepapata 4000 mudas diversificadas como árvores de sobras e fruteiras, contribuindo na preservação florestal. O projecto permitiu igualmente, o treinamento de alguns membros da comunidade na produção de fogões melhorados que poupam lenha e carvão, reduzindo o desmatamento.

 
O comité revela que sentiu que os fogões melhorados oferecem inúmeras vantagens, ambientais e sociais, porque a lenha que uma família usava para cozinhar apenas para um dia, agora serve para uma semana. “Os treinamentos e kits que recebemos, trouxeram mudanças significativas. Por exemplo, os fogões melhorados para além de serem económicos, beneficiam a nossa saúde, porque não criam fumo, cozinho avontade sem correr risco de saúde.”

Nove pessoas com deficiência beneficiam de kits de avicultura em Coca Missava

São nove pessoas com deficiência que fazem parte de uma agremiação avícola, denominada “Associação Thanano”, localizada na comunidade de Coca Missava, distrito de Chibuto, província de Gaza. Cuidam uma capoeira com cerca de 400 pintos e garantem que em breve terão 1000. Os membros que antes dependiam apenas do que a terra oferecia, hoje fazem parte de um grupo de poupança e diversificam suas fontes de rendas. Mas nem sempre foi assim.

 

As autoridades moçambicanas estimam que pelo menos 727.620 cidadãos são deficientes, cifra equivalente a 2,6% da população total, calculada em 30 milhões de habitantes. Os nove membros da Associação Thanano de Coca Missava fazem parte das poucas pessoas com deficiência que tiveram a sorte de ter um emprego ou uma ocupação rentável, tudo graças ao programa “Together for Inclusion (TOFI) – Juntos pela Inclusão”, implementado pela Livaningo, com apoio do Governo da Noruega (NORAD) em Chibuto, Mandlakazi e Manhiça.

 

“Eu nunca havia feito algo de diferente na vida, para além de trabalhar na machamba e vender lenha. Tudo mudou com o programa TOFI que nos ensinou as técnicas de criação avícola e gestão de negócios”, conta Celeste Parruque, 52 anos de idade e que não foi bafejada pela dádiva de procriação. Vive sozinha e tudo piorou quando em 2007, foi vítima de acidente de viação, quando ia procurar lenha para vender. “Fiquei com os membros inferiores atrofiados e incapacitada de fazer muitas coisas. Com o projecto TOFI conheci uma nova família e novas possibilidades de olhar para o futuro”, desabafou.

Celeste que dá a voz ao grupo constituído por cinco mulheres e quatro homens, conta que tal como todos os membros, ela faz parte de um grupo de poupança, onde poupa 200 meticais por mês. Antes do projecto, poupava apenas 30 meticais. “Estamos muito felizes com o negócio, porque melhorou as nossas vidas. Sonhamos criar em breve 1000 pintos e devolvermos os fundos para que outras comunidades possam beneficiar da mesma iniciativa”, referiu.

Joaquina Momade

Capacitações em matéria de género e produção de sabão artesanal transformam vidas de mulheres em Angoche

 

Joaquina Momade tem 40 anos de idade, vive no distrito de Angoche, na comunidade de Mahile, em Nampula, é casada e mãe de dois filhos. Sente-se uma mulher realizada, porque produz e vende sabão artesanal, aprendeu a fazer fogões melhorados e faz parte de um grupo de poupança, ajudando assim, na renda familiar e ganhar o respeito do seu cônjuge. No entanto, nem sempre foi assim.

Tal como cerca de 500 mulheres em Angoche, Joaquina beneficiou de capacitações sobre igualdade de género, gestão de pequenos negócios, produção de sabão artesanal e fogões melhorados e poupança, no âmbito do projecto “Promoção de Resiliência Climática e Igualdade de Género – RECIG”, implementado pela Livaningo, em Angoche.

Joaquina conta que, a Livaningo ajudou-lhe a crescer, porque “nas formações, aprendi que posso tudo que os homens fazem, e mais do que depender do meu cônjuge, agora ajudo em quase tudo, incluindo na diversificação de fontes de renda”, referiu Joaquina que considera que o esposo já lhe olha com outros olhos e isso fortifica a harmonia familiar. “Ajudo o meu esposo na construção da nossa residência e também ajudo mulheres da minha comunidade a fazerem sabão artesanal e fogões melhorados que poupam lenha e carvão. Isso melhora a minha autoestima porque me sinto mais útil e respeitada no seio da comunidade.”

Bernabe Artur Tivane

De 20 anos de idade, com deficiência física e intelectual, residente no bairro 25 de Junho unidade 3, Localidade Sede do Distrito de Chibuto
Tivane sempre foi um jovem sonhador com muita força de vontade foi motivado por esse espírito que quando conclui a 10 classe vendo a situação familiar e as dificuldades de continuar com os estudos decidiu migrar para a África de Sul a procura de melhores condições de vida e foi lá que todo pesadelo começou “ com jornadas longas de trabalho, exposição a diferentes condições climáticas, demasiado esforço físico e falta de cuidados com a minha saúde , resultaram em um esgotamento mental e desenvolve problemas graves de saúde dentre elas a epilepsia”.


Com a saúde deplorada e obrigado a regressar a casa sem nenhum horizontes foi contemplado no processo de identificação de novos beneficiários da Livaningo no programa”Togeher for Inclusion (TOFI) – Juntos pela Inclusão”, e de lá se reencontrou e começou a dar passos para um novo começo. “ cada formação percebe que ter uma deficiência não era uma aberração tal como imaginava , mas, uma condição que não me desiguala dos outros . Com a Livaningo realizei o meu maior sonho da minha vida pois, aprendi sobre negócio, recebi um quite de agente de emola com valor de 10 000 meticais e dele fiz novos investimento de venda de calçados do fardo e material de limpeza.

Com o rendimento do meu negócio hoje ajudo a sustentar a casa, cuidar da minha saúde e juntar material para erguer a minha casa e pretendo para o próximo ano voltar a escola e completar os meus estudos.

Catissa Hassane

Com 51 anos de idade, sofre de deficiência visual, apesar disso, graças a sua banca recheada de produtos alimentares, localizada no mercado da Vila Sede do distrito de Mandlakazi, província de Gaza, ela sustenta 6 pessoas, incluindo 4 netos. Diz que o seu negócio corre de feição e, por isso, poupa por mês cerca de 200 meticais, num grupo de poupança criado e treinado pela Livaningo.

Catissa conta que, antes do projecto “Togeher for Inclusion (TOFI) – Juntos pela Inclusão”, vendia apenas refrigerantes e ganhava no máximo 50 meticais por dia. Mas em 2022 chegou a Livaningo que capacitou algumas pessoas com deficiência em matérias de gestão de negócios. “Depois de algumas formações deram-nos kits de negócios. Fiquei surpresa, porque o meu negócio cresceu muito. Antes ganhava por dia pouco mais de 50 meticais, mas hoje ganho em média cerca de 400 meticais por dia. Estou muito grata à Livaningo”.

Catissa está feliz com o seu negócio, mas sonha em ter uma banca maior no interior do campo de futebol da vila para vender muito nos dias de jogos.

Com 46 anos e Glória Macarringue, 40 anos de idade são porta-vozes da Associação Avícola “Hi Tá Lhuvuka”, o mesmo que dizer “vamos desenvolver”. Criada e capacitada em 2022 pela Livaningo, a associação localizada no bairro 2 da localidade de Coca Missava tem 8 membros que são pessoas com deficiência que gerem uma capoeira com mais de 300 pintos.

Há 30 anos, quis o destino que Omar tivesse o infortúnio de perder o membro inferior esquerdo na guerra civil, que ceifou a vida de milhares de moçambicanos. Sem um pé nem formação superior, Omar viu-se desempregado e desnorteado até quando conheceu a Livaningo em 2022.

Hoje com 54 anos de idade, Juma Omar que tem 9 filhos e 2 esposas, vive no bairro da Liberdade, distrito de Mandlakazi, província de Gaza. Há 5 anos aprendeu a arte de corte e costura e faz disso o seu ganha-pão no coração da Vila Sede de Mandlakai.

Mais conhecida por Josina, 43 anos de idade, natural e residente em Angoche, comunidade de Mahile, província de Nampula, casada, e mãe de 4 filhos, trabalha na empesa Mota-Engil como orientadora de trânsito nas obras e também preside uma associação denominada Mulheres Organizadas de Ophavela”. Sente-se empoderada financeiramente e respeitada na sua comunidade. No entanto, nem sempre foi assim.

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